Wednesday, 20 June 2007

Amor, a poesia da vida

De que serve a poesia sem o amor,

A inspirar poetas inebriados,

Cheios de desejos, de fulgor,

A encher páginas e páginas de versos adocicados?


De que serve o amor sem o sonho,

A conduzir o amante pelo tempo voador,

A absorvê-lo em emoções – ora alegre, ora tristonho,

A elevá-lo, leve, flutuante, libertador?


De que serve o sonho sem o pensamento,

Sem a liberdade da mente, a imaginação,

Racional e irrazoável, louco e cego pelo sentimento,

Contido e desmedido e único na multidão?


De que serve o pensamento sem os sentidos,

Pelo mundo cativados e arrebatados,

Em constante acervo de minutos vividos,

Somando memórias de momentos passados?


De que servem os sentidos sem a vida,

A rechear este mundo vazio sem arte, sem ela,

A potenciar a alma sem corpo, perdida,

A crescer, agitada, cada vez mais bela?


De que serve a vida sem a poesia,

A encher de amor os corações,

De sonhos e desejos pensados com alegria,

De sensações os sentidos e, a vida, de emoções?


Junho de 2007

Noite do tempo

Chega o véu escuro da noite,

Chega a hora da solidão,


Chega o silêncio e a saudade,


A tristeza, a mágoa e o perdão.


Coração velho, farto de amar,


Perdoa o que não pode perdoar.


Faz tudo para não estar só,


Faz tudo para não mais chorar.


Chega a madrugada,


Chega o tempo do sonho,


Da ilusão imaginada,


E antes do novo dia brotar no horizonte,


Já os olhos recordaram o amor


E a boca já gritou a dor


Que as velhas memórias


Não deixam apagar


E pelas quais o pobre coração,


Cansado de lutar,


Nada mais faz senão chorar.

Abril de 2002

De quê?

De que é que são feitos os rios?

Serão de lágrimas? De sofrimento?

Porque é que são fundos e frios?

Porque dói este sentimento?


De que é feito o coração?

Será de amor?

Porque chora quando há paixão?

Será feito de dor?


De que é feito o desejo?

Será do querer?

Será uma vontade…de um beijo?

Será feito de poder?


Janeiro de 1995