De que serve a poesia sem o amor,
A inspirar poetas inebriados,
Cheios de desejos, de fulgor,
A encher páginas e páginas de versos adocicados?
De que serve o amor sem o sonho,
A conduzir o amante pelo tempo voador,
A absorvê-lo em emoções – ora alegre, ora tristonho,
A elevá-lo, leve, flutuante, libertador?
De que serve o sonho sem o pensamento,
Sem a liberdade da mente, a imaginação,
Racional e irrazoável, louco e cego pelo sentimento,
Contido e desmedido e único na multidão?
De que serve o pensamento sem os sentidos,
Pelo mundo cativados e arrebatados,
Em constante acervo de minutos vividos,
Somando memórias de momentos passados?
De que servem os sentidos sem a vida,
A rechear este mundo vazio sem arte, sem ela,
A potenciar a alma sem corpo, perdida,
A crescer, agitada, cada vez mais bela?
De que serve a vida sem a poesia,
A encher de amor os corações,
De sonhos e desejos pensados com alegria,
De sensações os sentidos e, a vida, de emoções?
Junho de 2007