Saturday 26 June 2010

Coração de Fogo

Nasci do ventre da Ave de Fogo, 
Escondida nas folhas do chão da Floresta,
Mas assim que abri os olhos
Elevei-me acima das árvores,
Bem mais acima,
E descobri o Sol, o amor, a vida.

O amor é como o Sol, 
Vital, belo e perigoso,
Encadeante, quente e grandioso.

Deixei o Sol tocar-me no rosto
E fechei os olhos de contentamento,
Envolventes raios de luz
Preencheram-me por dentro,
Mas senti-o a arrancar-me do peito o Coração,
Abri os olhos de repente, 
Molhados de dor, de medo, de desilusão,
E caí, para o fundo da terra.

Lá, encontrei um Rio Manso, 
Que me acolheu com cuidado,
Lavou o meu corpo sujo de tristeza,
Devolveu-me a beleza
E deu-me novas asas.

"Não posso voar", disse-lhe,
"Já não tenho o fogo
Que a Rainha do Fogo, minha mãe, me deu, embrulhado em meu Coração."
O Rio Manso sussurrou-me coragem. 
"O Sol roubou-mo", continuei,
E o Rio Manso lançou-me no ar.

Elevei-me de novo,
Acima do chão da Floresta,
Acima das árvores,
Acima das nuvens que escondiam o Sol,
E, com as minhas mãos frias,
Arranquei o meu Coração das mãos quentes do Sol,
Devolvi o meu Coração ao meu peito vazio
E o meu calor, a minha luz, ofuscaram o Sol,
Cobrindo a terra de amor e magia! 

Abril 2010