Thursday 6 March 2008

Morte

O odor da morte é pungente,
Como o medo que se infiltra na pele,
A forte consciência do fim latente,
Que insano, demente e, no entanto, doce como mel.

Respira-se a dor, um sofrimento premente,
Fita-me um olhar suplicante, molhado,
Num rosto envelhecido, cansado,
Com um sorriso paciente, resignado
E uma coragem brilhante, resistente.

Mas em tudo há um torpor,
Uma vivência dormente,
Uma espera lenta, descrente,
Que irradia paz, angústia e dor.

Vejo a morte no olhar dos outros,
Por isso temo ver o meu olhar
E nele a encontrar.

6 Março 2008