Sunday, 27 January 2008

Manhã de Domingo

Adoro as manhãs de domingo.
Adoro quando me levanto, cheia de preguiça, depois de meia hora saboreada na ronha, sabendo que nada tenho a fazer para além de ler um bom livro e de relaxar. Acordo lentamente e bem disposta.
Ainda mais bem disposta fico quando, ao abrir os estores e os olhos muito lentamente, sensíveis à claridade que irrompe pela janela, invadindo e inundado de luz todo o quarto, vejo que está um sol radioso num céu azul sem nuvens. "Vai estar um lindo dia de primavera" - penso em voz alta, com vontade de cantarolar, embora ainda seja inverno.
Visto-me e tomo o meu pequeno-almoço, acompanhada pelo Alex - que espera sempre que eu lhe dê alguma guloseima, sentado junto às minhas pernas, com o focinho poisado sobre o meu colo - e termino o meu chá, ainda fumegante, na varanda. Acaricio os meus gatos, que também lá se instalam para aproveitar o ar fresco da manhã.
Saboreio o meu chá e encanto-me ao observar a dança azafamada dos pássaros, de árvore em árvore, a cantarem as suas melodias territoriais, enchendo o ar de alegria.
O Alex já me olha com algum desespero. Está na hora do nosso passeio matinal. E que outra manhã soalheira nos dá mais prazer na caminhada do que uma manhã como esta? Sinto vontade de caminhar com ele até ser hora de almoçar e absorver o sol que me aquece, o ar fresco que me renova, os momentos de contemplação que me revigoram o espírito e o canto dos pássaros que não cessa com o avançar do dia.
Voltamos para casa, com alguma pena minha, mas fica a sensação de uma manhã linda, pacífica e quente, que me relaxa e me faz apreciar cada vez mais a vida e toda a sua beleza.

Domingo, 27 Janeiro 2008

Monday, 14 January 2008

O Beijo

A chuva fria tamborila na janela,

Entraste a correr, com o cabelo molhado,

Aproximo-me de ti com um sorriso deliciado

Porque sinto o aroma quente da canela.


Olhas-me e soltas um sorriso apetecível, por mim esperado,

De lábios húmidos e carnudos,

Soltas o aroma prometido, a mim reservado,

O gosto quente e doce de um beijo há muito desejado.


Comprimo os meus lábios nos teus, expectantes,

Apertando-os, encurralando-os com força,

E observo o tom cálido que tomam,

De um vermelho-sangue sensual, fascinantes.


Procuro no teu olhar a crítica, pelo beijo violento, roubado,

Mas não vejo desagrado – olhar limpo e nada perturbado.


Entreabres essas papoilas (que perfeição!)

E soltas suspiros de aceitação.

Aí, eu exploro-as num beijo lento,

E parar é coisa que não tento.


Ofereces (ou rendes?) os teus lábios

Ao meu beijo, com um gemido de deleite,

Também tu não queres parar.

Adoro-os e não os deixo secar.


É no suave toque dos meus lábios insaciados,

E na paixão húmida da minha língua

Que encontras o prazer,

Gemes, fechas os teus olhos amendoados,

Cerrando com eles mil imagens de fantasia

E desejos fortes que te fazem tremer.


Seduz-me, abraça-me,

Molda o teu corpo ao meu,

Não posso parar – sente-me,

Geme de novo,

Sinto o teu prazer na minha boca, na minha mão,

É desejo puro, alheio à razão.


As palavras escondem-se na tua mente,

Mas o teu corpo fala comigo, devagarinho.

Diz-me o que queres…

Não, espera! Não digas nada, eu adivinho!


14 Janeiro 2008