Thursday, 29 November 2007

Poesia, a música nas palavras

Ouço noutras vozes a poesia,
Uma triste ou alegre melopeia,
Ouço música nessa fonia,
Versos e acordes que se enlaçam em fios de teia.

Ouço uma rima marota que rodopia,
Com alegria, na minha língua.
Ouço uma rima que dança na aveludada melodia.

Ouço-a e escrevo-a por amor,
E por amor a voz é morna, melosa,
E a rima é jocosa, sem pudor.

Ouço mais rimas soltas, que brincam e saltitam,
Que correm umas para as outras,
Ouço rimas que se encavalitam.

Prendo-as ao papel,
Prendo-as a mim, a ti, a quem as lê,
Prendo-as e solto-as doces, em mel.

E tu... Falas-me de poesia,
Que coloca música nas palavras,
Música açucarada, cantada com magia,
Rimas que alguém escreveu e que entoavas.


Novembro 2007

Tuesday, 27 November 2007

Meu Vento

Continuas a ser o meu vento,
Ainda invades o meu sono,
Ainda és o meu infeliz tormento.

Desorientas o meu norte,
O meu coração, de memória fraca,
O meu corpo, de desejo forte.

Solta-me do teu destino,
Desamarra-me do passado,
Desprende-me desse sonho tão libertino.

Minhas pernas tremem com a lembrança de apego,
«Olha como me deixas, estou aceso!» - murmuraste
Com teus lábios bem perto do meu ouvido, que desassossego(!).

Voz melosa, inquietante,
Deixa-me louca, rendida,
Mergulha em mim tua boca, triunfante,
Leva-me contigo no vento, perdida.


27 Novembro 2007

A Minha Memória

Não posso escrever “as minhas memórias”,

A não ser que tenha um diário,

Porque as minhas memórias não são vitórias,

Goleadas guardadas pelos clubes em relicário.


A minha memória faz o contrário, despreocupadamente

Esquece-se das coisas com facilidade,

Não sei, não deve ser deliberadamente,

Mas não recordo coisas guardadas noutras com afabilidade.


A minha memória não presta para nada,

Não guarda imagens – devo ter a máquina estragada,

Atraiçoa-me com coisas que não vivi na realidade

E mistura sonhos com memórias de verdade.


Porque é assim, a minha memória?

Porquê ela própria apaga a minha história?

A minha memória não é como uma criança,

Que brinca, corre, pula, cresce e avança.



Novembro 2007

Thursday, 15 November 2007

Felicidade

Envolta em melancolia, taciturna,

Penso na minha inclusão,

Na minha vida diurna,

Na minha realização – existente ou não?


De que precisa a felicidade?

Um Sim, em vez de um Não?

Um bem-estar, uma amizade?

Ou um sorriso que diz Amor, Paixão?


É, talvez, um Tudo e um Nada,

O silêncio e o grito,

Uma verdade dissimulada,

A paz e o conflito,

A cor, berrante ou velada,

Um coração vingado,

Uma anedota, uma história bem contada,

Um livro devorado,

Uma declaração de amor,

O meu corpo amado

No teu abraço, no teu calor,

Um orgasmo sentido,

Um corpo belo despido,

Sereno, adormecido,

A bela arte das tintas,

O sorriso que me pintas

Na minha tela branca vivido.


15 Novembro 2007 – 4 Anos!!!

Saturday, 10 November 2007

Regresso

Estou de volta, meu amor,
Transportando no regresso o desejo,
A saudade do teu calor,
A felicidade - ah! como a invejo
Por andar sempre feliz, sem pudor.


Mal sinto o teu abraço,
Acorda em mim o vigor,
Camuflando o cansaço
Que se colou ao meu regaço
E me envolveu de torpor.


Fecho-me sobre ti,
Envolvendo-te em prazer,
Protejo-me em ti,
Sentindo-te gemer.


Aperta-me, morde-me, consome-me,
Nesta busca desenfreada,
Faz amor com avidez descontrolada,
Frenético, insaciável, esgota-me.


Estremece o meu corpo, estremece o teu,
Colados, amados, viciados,
Mas a busca continua, insaciados,
Amados, viciados, colados,
Incapazes de parar,
Incapazes de sentir o tempo passar
Apenas amando o corpo, o teu, o meu.


10 Novembro 2007

Meu quarto de hotel

O que têm de erótico os hotéis?
Porque me lembram a volúpia,
A nua luxúria de bordéis?


A cama que dá espaço
Ao corpo que não me acompanha,
Os lençóis macios que desfaço,
Que revolvo com prazer e manha.


Água quente corre-me sobre a pele,
No ar dissolve-se o calor
Em leves gotas de vapor,
No espelho o olhar de desejo, meu, dele.



Sinto o peso do meu seio
Em minha mão apertada,
Percorre-me o arrepio que anseio,
Treme o corpo, treme a alma deliciada
(Deliciosamente saciada).


10 Novembro 2007